terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

...derrubar dois arsenais em quatro dias...


Indiferente ao calibre de armas ou ao número de munições, o FC Porto desmantelou, peça por peça, bala por bala, dois arsenais no lapso de apenas quatro dias. Primeiro o de Londres, depois o de Braga. Cada um na sua vez, tombou redondo no Dragão, vergado ao peso de um futebol explosivo e letal, que a revolta aos efeitos prolongados de uma emboscada ajudou a detonar, potenciando resultados devastadores.
O primeiro rebentamento não foi sequer surpresa, fazendo-se anunciar num assédio persistente, que deslocava o centro de decisões para as imediações da baliza de Eduardo. O rastilho, que ziguezagueava na aceleração curvilínea de Varela, fora aceso muito antes de um desvio primoroso de Raul Meireles levantar o estádio.
Havia muito, mas muito por deflagrar. O que estava para vir assemelhar-se-ia a um rebentamento em cadeia, sequenciado num misto de raça e talento replicado num extravagante colorido azul e branco, como num fogo-de-artifício bicolor. Cambaleante, o Braga tentava reerguer-se a custo, mas cairia por terra em dois minutos, percebendo, depois dos golos de Alvaro Pereira e Falcao, que pouco ficara para disputar ainda com o intervalo por vir.
O refinado sentido de oportunidade do avançado colombiano tinha tudo para colocar um ponto final na questão, que o prévio disparo do expresso do Uruguai, saído do meio de um pelotão de fuzilamento, se dispusera a acelerar. Pura ilusão. O FC Porto estourava em fibra e génio capazes de produzir mais duas explosões, numa exibição brilhante até na forma como solucionava as situações mais alarmantes na sua área. Porque também as houve. Porque o Braga também jogou.
Cinco golos é muito futebol, é uma torrente de categoria e engenho a compor um número e uma exibição para lembrar o desenlace recente perante um outro Sporting, também ele esmagado pela inspiração azul. É músculo, brilho e furor. Numa palavra, é Porto. Porto e a sua essência, a que não deve subtrair-se o mérito de derrubar dois arsenais em quatro dias  com um acumulado de sete golos marcados. Chamem-lhe goleada ou, se preferirem, apenas revolta. Ao cúmulo dos dois jogos obviamente, não aos outros."

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