terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

...o mundo é belo, mas é pouco útil a quem não o sabe ler...

"O grande reformador da “commedia dell’arte”e um dos maiores dramaturgos do século XVIII nasceu em Veneza em 1707, no seio de uma família burguesa. Pouco interessado em medicina, profissão que o pai exercia, foi estudar filosofia no Colégio de Rimini mas em 1721, com apenas 14 anos, abandonou os estudos para seguir uma trupe de comediantes. O teatro apaixonava-o: gostava de ver, de escrever e até de representar. No entanto, a morte do progenitor obrigou-o a ir estudar Direito e a formar-se em advocacia, o que lhe permitiu ter vários empregos e garantir o seu sustento.
Em 1734, aos 27 anos, aceitou o cargo de poeta residente da companhia de teatro lírico de Giuseppe Imer, para o qual escreveu interlúdios cómicos, tragédias e tragicomédias, e, dois anos depois, mercê do seu rendimento fixo, pôde casar-se com a fiel Genoveva Nicoletta Conio. Mas foi só no ano de 1738, aos 31 anos, que Goldoni encontrou a sua verdadeira vocação: as comédias. Nesse ano, escreveu a peça “Momolo Cortesan”, na qual o protagonista tinha o texto todo escrito.
Iniciava-se, assim, a renovação da “commedia dell’arte”: até então, os papéis das personagens principais eram improvisados e dependiam muito do talento dos actores. Goldoni pôs a tónica no texto e desviou a atenção para a qualidade dos autores. Embora mantendo as figuras tipo e a estrutura coreográfica da acção da “commedia dell’arte”, aprofundou a caracterização das personagens e empenhou-se em retratar a classe média da sua época. Pelas peças de Goldoni perpassam, como em mais lado algum, a moral e os costumes do século XVIII.
Em 1747, Goldoni conheceu Gerolamo Medebach, director da companhia Sant’Angelo e aceitou o cargo de poeta residente da trupe. Finalmente, pôde renunciar à advocacia para se dedicar inteiramente ao teatro. Foi a época do seu apogeu: só na temporada de 1750-51 escreveu nada menos do que 16 comédias. Até que, em 1753 (no mesmo ano em que escreveu “A Estalajadeira”), e desentendendo-se com Medebach, decidiu abandonar a companhia e entrar para o teatro San Luca, com o qual permaneceu dez anos, na qualidade de autor residente e director de actores.
Alguns insucessos e uma disputa com o rival Carlo Gozzi, defensor de um teatro menos popular e mais literário e elitista, acabaram por levar Goldoni a abandonar Veneza, em 1762, e a partir para Paris, onde foi trabalhar para a Comédie-Italienne, para a qual escreveu peças de sucesso seguro e onde se tornou professor de italiano das filhas de Luís XV. Aí escreveu as suas “Memórias” (publicadas em 1787) e morreu, em 1793, quase na miséria, depois da Revolução Francesa lhe ter retirado a pensão que o rei lhe tinha conferido."

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