segunda-feira, 26 de julho de 2010

...mãos em riste...

...numa sessão da assembleia municipal da covilhã, farta daquela barrigada de patetices e imbecilidades, no final de uma intervenção minha e após uma chamada de atenção do presidente da mesa, saiu-me, entre dentes, inaudível naquela sala,  algo que não consegui de forma alguma controlar, um "VÁ-SE FODER!", fiquei depois a imaginar o que aconteceria se, num momento de fúria descontrolada, desactivados quaisquer mecanismos de auto-censura,  manifestasse em alta voz o que a alma reclamava  "VÁ-SE FODER...!"
...a este propósito transcrevo um texto de Guadapupe Subtil, extraído da revista Utopia, com o qual não poderia estar mais de acordo...
"Mãos em riste? Mãos em chifre? Mãos indicativas e indicadoras? Ah! Ah! Ah! Este sim foi o espectáculo mais humano e nada degradante nem alienante. Fez-nos ser solidários com o homem/menino, neste caso ministro da economia. Quem não reage naturalmente assim numa conversa com outrem, numa discussão mais acesa, numa brincadeira incondicional? Onde e porque têm de ser controladas as emoções? Onde está o “pecado”? O que acontece quando nos deixamos ir pelas emoções? Quando reagimos humanamente? Aí, aparecem as vozes punidoras que sem quê nem porquê varrem o mal pela raiz. Saí de ao pé de nós! Nós somos muito racionais, portamo-nos bem, jamais teríamos uma reacção tão infantil num caso destes! E ele teve de sair da governação, pese embora terem existido antes muitos mais motivos que o poderiam ter afastado. Neste espectáculo o que nos agrada é revermo-nos no gesto saído, bem elucidativo e bem captado. Quem de nós não poria as mãos em riste, em chifre de outras formas acabadas em “…iste”para todos os que dizem governar-nos? Não seria bom podermos rir e responder gestual e verbalmente a todos estes “palhaços” públicos que dizem representar-nos? Que mais gestos imaginamos poder fazer-lhes publicamente? Não é um prazer o que retiramos destes gestos que imaginamos realizar? Mais e mais destes espectáculos desejam-se. Estes são salutares, não mórbidos nem alienantes, por serem bem mais naturais e humanos. Emoções são precisas. O controlo de emoções leva aos espectáculos quotidianos que assistimos, leva tantos e tantos seres infelizes a desconhecerem a sua infelicidade."

1 comentário:

Anónimo disse...

Em nome da felicidade mãos em chifre!