domingo, 28 de novembro de 2010

...os extremosos guardiões da soberania...

Há coisas sobre as quais, no momento em que vamos à procura da sua explicação, são dissolvidas muitas das nossas resistências. Quis saber e perguntei: "porque é que os deputados não podem fazer greve?" a resposta que obtive foi de que faziam parte de um órgão de soberania, quedei-me imediatamente sem argumentação, que ainda nem me consegui recompor:) :) Seja lá o que for isto da soberania, deve ser algo de extrema importância e gravidade, para os deputados abdicarem de um dos seus direitos mais básicos, o da greve e a aceitarem a disciplina exigida... tudo pela soberania... e que numa primeira vista, "um gajo" olha para estas coisas como algo de ridículo e ilógico... quis aprofundar o aspecto trágico da questão... nunca o sistema foi talhado em tal perfeição, os nossos deputados abandonam os seus estáveis empregos, o conforto da sua vida, num acto de nobreza e de tamanha abnegação, para servirem o seu povo e garantirem que todas as suas mais-que-expectáveis conspirações, maquinações, falsificações, intransigências, negligências, ilegalidades, injustiças, especulações difusas são por um ideal bem mais altaneiro - o da ordem existente... a demanda quase-teleológica pela posse da soberania – uma aventura perigosa, que com tantos cabrões lá a guardarem-na ela está sempre garantida…
E… eu… que ainda acredito ser capaz de experimentar uma vida fora deste desolante “espectáculo” e fora dos conhecidos caminhos… continuemos pois a deitar lenha…
ana monteiro

...bolo em cama de peras em croft...

COLOCAR NUM TABULEIRO METADES DE PERA EM CALDA COM CROFT DURANTE DUAS HORAS.
MISTURAR E BATER BEM QUATRO OVOS CASEIROS, 200GRS DE FARINHA, AÇUCAR E MANTEIGA DERRETIDA, 2 COLHERES DE CHÁ DE FERMENTO E 1 COLHER DE BICABORNATO DE SÓDIO E OUTRA DE ESSÊNCIA DE BAUNILHA, 50 GRAMAS DE CACAU E 50 GRS DE CHOCOLATE EM PÓ... COBRIR AS PERAS COM A ESTA MASSA E LEVAR AO FORNO 20 MIN A 180 GRAUS... E DEPOIS É UMA FESTANÇA...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

...palavras do candidato do BE à presidência ..."a adopção gay ainda me causa engulhos"...

É a favor da adopção por casais homossexuais?

"Depois de aprovado o casamento homossexual, independentemente da opinião pessoal, a adopção é inevitável. Eu sou de outra geração. A adopção sempre me pôs mais problemas, mais engulhos do que o resto. Não tenho um preconceito, mas penso nas crianças. As crianças são muito cruéis... Mas pode ser que a sociedade mude muito. Seja como for, sou pelas liberdades e pela eliminação das discriminações." Manuel Alegre ao Sol

...je vous salue, marie...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

...los lobos siempre me respetaron...


Entrelobos es el último film, aún en fase de rodaje, del director cordobés Gerardo Olivares. Antiguo realizador de documentales televisivos de viajes, Olivares ha sido también director de los largomentrajes de ficción ‘La gran final’ y ‘14 kilómetros’, dedicados a narrar la vida y circunstancias (a veces trágicas) de los indígenas de la selva amazónica y los inmigrantes subsaharianos que tratan de llegar a las costas españolas, respectivamente. Por tanto, podemos deducir que a este director le interesa muy especialmente la relación del hombre con la naturaleza en su vida cotidiana.
Con Entrelobos, Olivares abandona los habituales escenarios exóticos de su obra por otros más cercanos, aunque sus constantes temáticas permanecen inalterables. La película narra la historia real de Marcos Rodríguez Pantoja, un cordobés (al igual que el autor) nacido durante la posguerra española, quien se fue a vivir con un pastor de Sierra Morena a los 7 años, algunos dicen que vendido por su padre. El caso es que dicho pastor desapareció al poco tiempo, teniendo el pequeño Marcos que aprender a sobrevivir en la naturaleza junto a una manada de lobos, de la que se convertiría en líder. A los 19 años, la Guardia Civil se encargaría de obligarle a regresar a la civilización y a llevar una vida convencional, aunque, de alguna manera, nunca perdería el vínculo con los animales con los que compartió en estado salvaje 12 años de su vida.
Ciertamente, resulta una historia insólita, máxime teniendo en cuenta de que los hechos acaecieron hace apenas cinco décadas, entre 1953 y 1965. Por todo el mundo se han dado, e incluso se siguen dando, casos similares. Pero la historia de Marcos tiene especial interés para nosotros por transcurrir en suelo patrio, y muy especialmente por implicar a uno de los grandes símbolos de la naturaleza amenazada de nuestro país, el lobo ibérico. Estamos acostumbrados a ver a este animal en los documentales de Félix Rodríguez de la Fuente y sus sucesores televisivos, pero nunca había tenido un papel de tanta importancia en el cine español (no, no cuentan los trabajos ‘licantrópicos’ del desaparecido Paul Naschy).
Entrelobos está protagonizada por Juan José Ballesta interpretando al Marcos Rodríguez adulto. Le acompañan (aparte de los lobos), entre otros, conocidos intérpretes como Carlos Bardem, Sancho Gracia o Antonio Dechent. Su estreno está previsto en otoño y promete ser una de las apuestas más llamativas del cine español para el presente año. Esperemos que Gerardo Olivares sepa sacar todo el jugo poético a una trama insólita en nuestra cinematografía, aunque sin tener por ello que renunciar a la verosimilitud. En cualquier caso, esta historia se nos antoja un soplo de aire fresco entre las diferentes propuestas que nos puede ofrecer el cine español más reciente.
Fuente
www.elmundo.es

...a propósito do desfile...

...quando de uma das manifestações de professores, uma funcionária de lisboa do partido ao qual eu pertencia, o bloco de esquerda, telefonou-me, e mandaram-me mail,  a marcar o local de encontro dos "professores do bloco", em frente ao diário de notícias, que era para parecermos mais:) tive de explicar à dita que as minhas motivações não eram fazer monte ou número e que ia com os professores da minha escola, com quem tinha amizade e afinidade na luta... na altura até fiquei ofendida, mais me pareceu uma sabotagem aos verdadeiros motivos da luta! ... e ... professores do bloco... ???? ... mas que raio é que isso é...???? ...é admirável onde pode chegar os descaramento!!!... o filme continua a repetir-se a cada manifestação...

domingo, 21 de novembro de 2010

...só não havia manifestantes de outros sectores políticos na manif porque a CGTP não os deixou entrar...

"Vem esta moçinha da foto ao lado dizer, e com razão, o seguinte: "Foi muito importante esta manifestação promovida pela Campanha "Paz sim! Nato não!" Por muito que algumas televisões tentem esconder e manipular o que se passou, a verdade é que mais de 80% das dezenas de milhares de manifestantes estavam enquadrados por bandeiras do PCP. Mesmo que tentem mostrar apenas dirigentes do B.E, quem lá esteve sabe a verdade. "
Pessoalmente não vejo a pertinência, pela ocasião, de estar a contar todas as espingardas ou os actores da manif. Já são recorrentes os "cotrifões"(empurrões) entre o BE e o PCP para ocupar o melhor lugar no DESFILE ( e digo DESFILE não de forma ingénua, inseminado o espectáculo), numa transgressão aos objectivos das manifs que os ultrapassa em grande e os desvirtua. É a factura de todo este semitravestismo ideológico afastado do conteúdo libertador da própria ideologia. Como diz o povo, nem sempre conseguimos esconder quem verdadeiramente somos:) :) Proibam mas é todas estas touradas tão degradantes como a própria cimeira...

...era preciso autorização da CGTP para participar na manifestação anti-nato...

"Durante a manifestação a repressão foi outra, a polícia sindical foi sempre impedindo manifestantes anarquistas de participar na manifestação, ao que se foi cedendo sem qualquer provocação esperando por o fim da manifestação da propriedade da CGTP para entrar na rua. Ao fim de um tempo, foi-se descendo a rua pelo passeio, até que houve uma aberta no meio da manifestação e naturalmente e sem qualquer agressividade tentou-se entrar na rua onde a manifestação de protesto decorria, rapidamente a segurança da CGTP começou a empurrar os manifestantes e chegou a tirar a uma mulher panfletos anarquistas e a deita-los fora (ainda bem que não eram livros, ainda faziam alguma fogueira), após um burburinho, agressões foram trocadas e uma troca de insultos, lá nos fizeram o “favor” de nos deixar entrar na sua propriedade e foi-se descendo a rua tal como os restantes manifestantes.
O argumento que a manifestação pertencia à CGTP é no mínimo insólito, além do ridículo e abusivo que tal argumento é, vários grupos não afectos à CGTP participaram na mesma sem qualquer preocupação, mas desde o início o objectivo de dezenas de polícias sindicais foi a de não deixar os anarquistas, independentes e outros não-alinhados participar, como deixavam claro nos telefonemas trocados à nossa frente “sim estão aqui alguns, mas já estamos aqui para não os deixar entrar”. Que ridícula a grande motivação de não deixarem meia centena de manifestantes participarem na manifestação, que pelos vistos tinha um proprietário, o proprietário do direito a protestar, para afinal bastar umas agressões para deixarem nos participar, se calhar só queriam molhar as sopas… Porque molhar as sopas em quem dizem combater… ‘tá de chuva….. Aí já são situações institucionais, legais e outros que tais
É bem sabido de como a greve e as manifestações estão hoje institucionalizadas e de efeitos que pouco passam o simbolismo, e são propriedades de sindicatos e não reivindicações directas nem expropriações dos operários que ficam um pouco a “toque de caixa” de patrões, estado e sindicatos que decidem décimas de percentagens em mesas onde nenhum deles pode chegar. Diminuíram a força anarco-sindicalista e dos próprios operários para ser dada força a um partido que desde cedo propôs como prioridade o fim da força operária e o inicio da obediência à ditadura bolchevique Russa e consequente extermínio da CGT em Portugal e aderência de todos os sindicatos à Internacional de Sindicatos Vermelhos, mas preocuparem-se quase 90 anos mais tarde com 50 manifestantes anarquistas e não-alinhados tal como se preocuparam com 100000 elementos da CGTP de à 90 anos atrás é risível e nota-se a sua boa (triste) forma.
Sim as nossas reivindicações eram outras, mas o direito a protestar é o mesmo. Contra o estado e patrões, pelas colectividades do povo, contra toda a autoridade, pela greve geral real e não por um dia sem trabalhar autorizado pelo estado e patrões, contra o capitalismo dos patrões e o capitalismo de estado, pela autogestão, pela liberdade.
É tempo de desmistificar o que é o anarquismo para todos, e fazer cair o preconceito que afecta todos os sectores da sociedade. É altura de beliscar até fazer mossa, o que queremos é uma sociedade horizontal, solidária e de apoio mútuo, de respeito pela individualidade e pela diversidade, de autogestão, sem fronteiras sem autoridade, ter nas nossas mãos o que é nosso, não é de patrões nem de estados. Não se pode apoiar um sistema corrupto, falido e explorador, não se reforma tal barbaridade. Uma democracia parlamentar é apenas ceder o poder aos outros, os nossos desejos, sonhos e liberdades. “Ser melhor que antes do 25 de Abril” não chega, acreditemos na nossa capacidade de sermos livres, donos do nosso destino, donos do nosso trabalho diferente dos moldes como existem hoje para servir apenas os outros, seja o estado da esquerda ou os patrões da direita."
SAÚDE E ANARQUIA!

sábado, 20 de novembro de 2010

...já rolam cabeças no bloco de esquerda à pala de manel alegre...

"O Bloco de Esquerda elegeu nas últimas eleições autárquicas um vereador em Olhão.
Entretanto, por causa de uns processos judiciais relacionados com umas empresas do dito vereador (no BE também há empresários), o BE propôs ao vereador João Pereira que abandonasse o cargo a favor do número dois da lista ou então que se mantivesse no cargo como independente.
O vereador optou por se manter como independente. Em consequência, a Comissão de Coordenação Regional do Algarve do BE retirou-lhe a confiança política. Mas houve militantes que não gostaram, e logo a respectiva Concelhia resolveu apresentar uma moção de censura à Coordenadora Distrital pela "anti-democracia demonstrada" (quem diria que estas coisas dos partidos burgueses também acontecem no Bloco) e outra moção de censura por lhe ter retirado a confiança "violando os estatutos do Bloco" (ó diabo, aqui já pia mais fino).
João Brandão, elemento do secretariado da Comissão, segundo o jornal "Postal", esclareceu que "não queremos um Valentim Loureiro no partido" (belo exemplo). O vereador diz que o problema está apenas no facto dele não apoiar Manuel Alegre e que os processos judiciais já eram do conhecimento do partido. aqui
Enfim, mais uma salgalhada daquelas que Francisco Louçã costuma criticar nos outros partidos, mas que pelos vistos não consegue resolver em sua própria casa." http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/2368927.html

e nem a propósito

...badamalos,.. velhos tempos... a festa da aldeia...

dulce monteiro, lígia paula, ana monteiro

terça-feira, 16 de novembro de 2010

...o caganer mourinho...

O caganer é una figura de uma pessoa defecando que é utilizado curiosamente como figura decorativa dos presépios na regiao da Cataluña (Espanha). Esta tradiçao é plenamente aceite pela igreja católica espanhola. Sinónimo de fertilidade numa sociedade de tradição agrícola, a figura original, que representa um camponês defecando, remonta, segundo historiadores, à exaltação realista da época barroca, no século XVIII. O "caganer" simboliza a necessidade de fertilizar a terra para ter uma boa colheita no ano seguinte.A origem dessa estranha tradicão situa-se no séc XVIII.
Tradicionalmente o caganer usa uma roupa tradicional catala, porém atualmente fabricam-se  uma infinidade de versões de caganer, principalmente figuras internacionais do cenário da política e das artes.
 
Fonte: Portal Terra

terça-feira, 9 de novembro de 2010

...cafés e cigarros...

- reclamo para mim a inocuidade da minha traição, não consta dos acontecimentos trágicos, mas do revelado fetichismo da vida quotidiana.
- traição e inocuidade? inimigos irreconciliáveis nos dogmas petrificados da vida quotidiana. pagaste o serviço?
- tal atitude não se me revelou explicitamente importante.
- mas é claro que evidencia toda a importância, porque a procuraste?
- pelo amor incondicional que te tenho! pelo amor que me dizes ter. não posso dispensar esse amor. e tu? porque só agora me desprezas?
- pelo amor incondicional que te tinha, pelo erro grosseiro da tua traição, estou prisioneira dos petrificados dogmas da vida quotidiana.
- reclamo a inoquidade da minha traição, alheia a citações da tomada de consciência, tinha de te trair, estive enclausurado no meu amor, convulsiva teia de excremento! a traição era o acto e não a flecha. cativo naquele trágico escolho de insatisfação de ocupante do cais, enganando o tempo em cafés e cigarros... transbordando na vontade de fazer a romaria das artérias. anoitecias "mulher da noite doente em que os homens se perdem", eu transbordando de vontade de desfolhar a algazarra.
-traíste-me!
- como ousas? não alterei nenhuma das tuas regras, não abusei da tua vergonha, afinal foi pelo amor incondicional que te tenho. não posso dispensar esse amor. e tu? porque só agora me desprezas? ela libertou-te da fúria dos teus ciúmes,porque só agora não te deitas comigo?
- inverteste as leis naturais, não vejo utilidade nessa tua falsa consciência! não vejo utilidade em secar o calafrio do pêndulo.
- reclamo para mim a inocuidade da minha traição.
ana monteiro

...mulher colhida mortalmente por comboio..

"Uma mulher foi esta segunda-feira atropelada mortalmente por um comboio perto do Tramagal (Abrantes), tendo a circulação na Linha da Beira Baixa estado interrompida desde as 15h10 até às 17h44.
Segundo o Centro Distrital de Operações de Socorro, o atropelamento deu-se cerca das 15h10, tendo estado no local três viaturas e sete elementos dos Bombeiros Municipais de Abrantes e a GNR de Abrantes."
...Vinha eu neste comboio a pensar, na velha ideia, em como o sol de inverno engana as árvores ao fazê-las florir...

domingo, 7 de novembro de 2010

...estes lampiões já nem sabem bem de onde é que lhe estão a cair...


...hoje passei no ccb... coleção artur jorge...

"Entre os dias 5 e 7 de Novembro metade da colecção que vai ser leiloada em Paris vai estar exposta no CCB. Pintura, escultura e instalação de artistas muito conceituados, contituem a mostra. Pablo Picasso, Jean-Michel Basquiat, Salvador Dalí, Marc Chagall, Wassily Kandinsky, Jakcon Pollock, Man Ray, Andy Warhol, Francis Picabia, Joan Miró e René Magritte, são alguns dos nomes de destaque na exibição.
A 8 de Dezembro, são cerca de 100 obras que vão ser leiloadas pela leiloeira Christie’s, em pareceria com a leiloeira portuguesa Sala Branca. “O gosto pessoal e a disponibilidade financeira” foram os critérios apontados por Artur Jorge para a selecção das peças, feita ao longo dos anos nos vários países onde viveu e trabalhou como treinador."

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

...o móbil do encerramento do Covilhã maior...

"Era hábito, já com alguma antiguidade a Câmara da Covilhã oferecer o almoço aos funcionários no aniversário da cidade.
Hábito que este ano foi quebrado ao que tudo indica por causa da crise, a mesma crise que permite oferecer o almoço a altas esferas do País e do Concelho.
Ao realizar-se um almoço seria de bom tom que fosse com os funcionários alargado aos demais convidados para as comemorações dos 140 anos da Covilhã, ou se realmente se quer poupar não há almoço para ninguém.
Será que se fosse ano de eleições o critério era o mesmo?
Duvido.
Esta é apenas uma pequena amostra do que se passa por este País fora, os mais desfavorecidos como os trabalhadores, idosos, reformados, doentes, etc. são amplamente falados em todos os discursos eleitorais, mas nos intervalos dos anos eleitorais é como se não existissem.
Onde nos irá levar esta forma tão reles de actuar da nossa classe politica?
Seja o que Deus quiser, mas algo tem que mudar em tudo isto. "extraído de http://www.covilhamaior.blogspot.com/

...uma organização democrática dos países todos...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

...no intervalo no outrora... ana monteiro...

“os animais não têm religião”

salteadores do fogo e também animais religiosos

será apenas verdade na incauta metrópole, a que chamámos o arrojo da antítese, será apenas verdade no luto arregalado, a que chamámos o arrojo do embrião, será apenas verdade no lastro do musgo, a que chamámos a evidência do resguardo.

“os animais não têm consciência do tempo”

salteadores do momento e também animais ateus

qual a data do começo do mundo?

a data dos lírios e das amoras. suspeito que as amoras foram já catalogadas, suspeito apenas. a data da areia e dos seixos. suspeito que as amoras já foram condenadas, não ficam para semente. suspeito apenas.

amargos paradoxos

o animal mais velho do mundo, imbricadas arestas, mandíbulas salientes em perpétuo movimento, depositou mais de trinta mil ovos próximo do recife dos lábios, próximo do pasto de borracha no pudor do arado.

qual da data do começo do mundo?

o animal observou sempre o que passou à sua volta, à mercê do predador.

salteadores da individualidade e também animais solitários

será apenas verdade no mofo dos corredores, a que chamámos o ruminar da justiça, será apenas verdade na espera dos semáforos, a que chamámos o ruminar da vastidão, será apenas verdade no enfeite do fadista, a que chamámos o pudor do absurdo.

qual a data da encomenda da suspeita?

A suspeita pegou, há-de haver uns tantos e tal anos, pelo menos, serviu como palco da tragédia a sôfregas figuras à deriva, residindo aí a sua maior vantagem; oxalá, não em demasia. A suspeita pegou, há-de haver uns tantos e tal anos, pelo menos, serviu como enxurrada no pomar a sôfregas gargantas à deriva, residindo aí a sua memória para guardar; oxalá, não em demasia.

Respira-se no ar

a chávena de cinzas

umas cinzas e tanto

respiração acessória

a chávena com oxigénio dissolvido

substitui o pulmão¬

amargos paradoxos

enxurradas no pomar das camélias

em que idade vai o mundo?

um clássico, a pergunta e o perguntar

protejam o meu filho até ao fim, ele é um de nós

mondo as ervas num campo de minas e omito a paternidade descuidada do velho do restelo. e, não se pergunta a idade ao mundo, pesa-nos a balada. é quase certo que a maioria dos animais lhes ganham a ambiguidade dos dias, não do romance. é quase certo que à maioria dos animais não lhes dói a memória, mas a lucidez, as migalhas.

“os animais não têm consciência do tempo”

mondo as ervas do retrato, suspiro na agonia, um acordeão que resiste no pomar.

numa chávena de cinzas, o temor pelos farrapos da noite

umas cinzas e tanto

até que idade vai o mundo?

o erro de malthus , o inesgotável petróleo

alimentados divergentes cenários de expoente catástrofe, revisitadas páginas fósseis de teorias, alimento da progressão gráfica da população. alimentados divergentes cenários de expoente catástrofe, rasgaram a membrana na espiral do remoinho, protegeram as emoções do momento.

pomares de camélias amarelas em muros mudos

pomares de camélias amarelas em decotes maduros

há que ranger os dentes,

a flor com mais pétalas do mundo, imbricados estames, pistilos salientes em perpétuo movimento, depositou mais de trinta mil variedades próximo do recife dos lábios, próximo do pasto de borracha no pudor do arado.

“os animais não têm religião”

salteadores do fogo e também animais religiosos

a pregação aos peixes, seus fiéis ateus voam acima da trégua, alguém pagou a suspeita, há-de haver uns tantos e tal anos, pelo menos, serviu como palco ao reajuste dos estames do paradigma, residindo aí a sua maior vantagem; oxalá, não em demasia. Alguém pagou a suspeita, há-de haver uns tantos anos e tal, pelo menos, serviu como exaltação no pomar a exaltações e confortos mediáticos, residindo aí a sua memória para guardar; oxalá, não em demasia.

há que ranger os dentes

no intervalo do outrora

embora fragmentada ficção, a incauta metrópole nasce e vive a maior parte do seu tempo na memória do detalhe, na vibração do campos cativos de anseio no seu subúrbio. embora fragmentada ficção, a incauta metrópole nasce e vive a maior parte do seu tempo no desejo do detalhe, na alucinação dos campos tingidos de afecto no seu subúrbio.

- há que ranger os dentes

estrangular o silêncio na trégua descalça

eu não diria: “- melodia”, eu diria “-suspiro”

enquanto o sino, repousa, na ausência do abraço

ressoa na meia hora na espiral do orvalho

resiste na meia hora a melodia na lapela das árvores da floresta

valerá a desmemória…

sinal de alarme

amargos paradoxos

enxurradas no pomar das camélias

Ana Monteiro em "Oxímoro, no intervalo do outrora"

...sunset park...